Um bom lugar, Minguante de janeiro de 2008.
Aos muros altos
Chega um momento que tudo oscila. A falta de tempo. As tardes longas, o sopro cinza. Só tenho vontade... de estar. O vento é forte e salgado. Só tenho vontade de me masturbar pra sentir minha irritação ir.
Hiroshima... Qual o nome disso? Memória. Memória do esquecimento. Consciência do esquecimento. O horror de tudo isso. O horror de esquecer ruínas da história.
Isso me lembra nossa casa.
Mas é do "hábito" esquecer, é irreversível e inevitável.
"Gosto de você, você está me matando. Você me faz bem..."
Hiroshima, morte e nascimento do amor: aquele caos que move.
E o corpo tem que estar lá, perto, misturando e criando fissuras. Só assim se apreende. Só assim. Consciente do esquecimento e da volta. Consciente do fluir, da pedra que liquifica. O fogo queima a memória. O fogo, a loucura, o amor, o caos.
Tudo isso provoca choque, trauma, fissura.
E da dor não há lembrança. Pelo menos não da sensação exata. As musas dormem, e é nesse sono que tudo se esvai, e foge de nós.
Agora quieta e serena me despeço
Eliane