Cata-ventos Lunares: abril 2010

Mundo estrangeiro, Minguante de Abril de 2010.

Cara Matemática:

És linguagem de muitos. Mas na verdade, são muitos com quem conversas? Quem sabe das tuas compostas composturas? Eu creio que sei algum dos teus segredos, que se bem me lembro me contava em meus momentos de entre sono. Talvez de propósito, sempre de propósito.

Mas e o teu infinito, quem o conhece?

Eu dançava, noite passada, pensando nas quimicas da música eletrônica e da dança.
(Como comentei, com uma amiga, o corpo andava precisando pensar)
Nesses encontros de números em movimento. Ou simplesmente nesses encontros. Pois está além da dança motivada pela música. Creio que me pego dançando (lo que sea) os meus pensamentos.

O fato é que tentativas lógicas de raciocínio me deixam enamorada. Ainda mais quando não é só o cérebro que sente.

Pensei em fazer uns trabalhos labotariais com roupas, já que são segunda pele. Já que a segunda (membrana) às vezes é mais importante, ou segura, ou prazerosa, ou sedutora. Os "ous" podem ser muitos. Assim como o teu infinito.

"Cada signo é infinito", um outro me dizia. Mas tem dias que eu prefiro uma história bem contada, do que um desabafo existencialista.

Isso também é possível.

Tchecov apaixonar-se por Simone.

Isso também é possível.

Acho que viver o passado me anda impossível (por sorte).

Da tua acompanhante.

Lili

Nova linha, Minguante de Abril de 2010.

Hora Mágica (ou aquele momento em que o pôr-do-sol te toma):

Eu acredito nos acontecimentos. Todo esse ir e vir, reencontros e desencontros, me transportam para uma única coisa: o novo. Vi as mudanças trincadas (ou esculpidas) na pele e na fala de cada amor extraviado. Extraviado é só maneira de não poder definir bem, as relações profundas dentro do meu caos de fugacidade.
Parece rápido, mas não é.

Parecem milagres (sim eu ainda acredito em milagres), mas são só (e isso não é pouco) ilusões. Eu me ilumino sobre as pedras, ditas, vulcanicas. Daquela cor alaranjada, avermelhada, amarelada. Daquela cor da hora mágica, em pastagens antigas, em eterna mudança.

Daí me reconheço. E penso nos tons da minha próxima casa. Penso de como, daqui pra frente, vou lidar com as distâncias. Quem sabe conheça (se já não a conheço) uma cientista maluca, que me decomponha em moléculas de teletransporte. Enquanto isso, uso da telepatia que me favorece o amor.

Ou ié beibi. Dessa vez não pude controlar o choro nos desenlaces... talvez meu corpo também se aprofundou nas mudanças.

A gente canta e dança, pra seguir nessa andança.

Da tua companheira

Lili

Desintegração de corpos, crescente de março de 2010.

Caras paredes azuis (agora amarelas):

Eu não tirei tua cor, apenas as palavras e móbiles e pêndulos de memórias bem guardadas. Tão guardadas como um segredo (que já quase esqueci).

Entram outros corpos, o azul ficou (às vezes) ausente da minha vista. Entrou o cinza, o negro, o escuro da noite cheia de silhuetas.

O imaginário turistico que compartilhava contigo, de Buenos Aires, entrou em choque com a pele nova, que aprendeu caminhos do porto e seu oposto.

Talvez vazia, contigo vazia, busquei a igualdade, pois assim como tu, eu escuto, escuto tudo o que se tem a dizer.

Inclusive os milagres. Compartilhar a beleza do silêncio e da luz (que voltou).

O berço da amizade é leve e acolhedor, só faz falta dançar de olhos fechados.

A verdade, é que algo sempre faltará. A sede de construir um mundo novo, ou melhor, uma nova realidade, nunca se sacia. É assim meu degustar, é assim que quero.

Disfrute tua roupa nova e finja que nunca nos vimos.

Lili