Cata-ventos Lunares: setembro 2008

Um Globo e paredes vermelhas, Cheia de Setembro de 2008.

Cara Ágata:

Te queixavas do cansaço de tudo. Dizia da vida e da morte que carregas em ti. Eu escutei - tudo -, e apesar de longas pausas (goles, suspiros ofegados), a conversa mantinha costura e força. A conversa mantinha a costura espontânea, quase vomitada, de uma língua inventada e harmônica.

Descobrimos (novamente) que há uma língua comum. A vida não te apresenta nada de novo? Não... Não sabes.

Qual a urgência? Dizes que não é poetizar, por isso não mais a escrita. Então qual a linguagem agora?

Lembro-me de amigos invisíveis que minguavam pelo concreto da cidade cinza. E apesar de difertentes em muitas coisas, cultivavam em comum uma forte síndrome de Peter Pan. Por que não se quer crescer na cidade? Talvez porque o relógio engole os adultos operários, talvez apatia instituída.

Todos (frizo), todos! meus amigos invisíveis morreram, e quando em vez cruzo por seus fantasmas se queixando do cansaço.

E quanto cansaço...

Penso em todo saber acumulado. Penso nas noites que acompanhei tuas insônias. Tudo memória e invenção. E tu que inventas tão bem tua solidão, ágata. Pedra roxa, de dor, de hematomas, e feridas abertas.

Tenho algo mais a te dizer: é chegado os primos tempos, vamos colorir e compartilhar as nossas solidões.

De quem ressoa perto

Lili