Cata-ventos Lunares: fevereiro 2009

Eu me interesso, Crescente de fevereiro de 2009.

Caras páginas limpas:

Não sou boa em inventar histórias. Talvez minha escrita esteja mais para borrão, sujeira e ruído. Mas preciso dizer, o que invento é a própria escrita. Tão longe ter uma boa caligrafia, uma boa dicção de pensamentos. O motor nem sempre se sincroniza com o resto que pulsa e pensa.

Não voltei à fase "do que não quero", sigo em espiral, olhos p'r'os lados e vejo proximidades. Acho que é o máximo que consigo atingir: aproximação. Não sou boa em inventar histórias. Me aproximo de fatos (objetos), e componho linguagens.

Outro dia falava sobre objetos (sinto que minha cabeça vai doer), e depois de muito dizer, e descobrir alguns detalhes novos, consegui descobrir qual a "linha" que meu olho faz ao olhar. Procuro o impessoal. Parece contraditório, já que uso muito da conjugação em primeira pessoa do singular, mas meu olho que ser o "Grande Olho". Olhar e ser visto. Ser verbo e substantivo. De novo (nem tão velho, não tão novo) ser um deus que peca. Eu acredito na beleza.

"oh i miss the kiss of treachery the shameless kiss of vanity the soft and the black and the velvety up tight against the side of me and mouth and eyes and heart all bleed and run in thickening streams of greed as bit by bit it starts the need to just let go my party piece*"

Caras páginas, era pra ser um escrito leve, uma homenagem, quase uma ode, mas tua clareza, tuas infinitas possibilidades de luz, e sombra... me deixaram assim, perdida no que escrevo, não conseguindo comunicar todas minhas partes, que querem ser "todas", repletas e onipresentes. Talvez precise educar meu corpo num sistema de fordismo...

Ou talvez simplesmente rasgue essas páginas e fique calada. "Apenas deixe minha parte do pedaço".

Abraço de quem agora quer ser tão branda e cruel quanto vocês.

Lili

(*Disintegration - The Cure)