Cata-ventos Lunares: janeiro 2009

A ilha e o Fim, Nova de janeiro de 2009.

À quem está do outro lado:

A cidade oprime. Noticias desesperadas me chegam aos ouvidos. "Estamos ilhados, não há saídas!"
Se percebo isso? Com toda certeza. Estou em terra (não muito firme), com os pés secos.

Os caminhos ruiram. É noite, as estrelas surgem. Momento de fuga. Mas não muito longe, logo vem chuva novamente.

O que se lava agora? E a quem? É difícil dizer o que se sente, como já disse, a cidade oprime. Oprime meus sentidos. Não sei dizer quem morreu, e o que se passa. Os muros, as grades, os prédios me dão sombras.















"O dia vira noite". É estúpida essa bolha, a cidade é a ilha. E quem se atreve a dizer que não se esperava por isso? Me assusta como todos ainda se admiram e se espantam. É confortável reproduzir "a compaixão" televisiva. Bando de hipócritas! Tin-tin-saúde!

Ontem pensei em te ler alto, algo que Claude disse à Miller. Mas logo lembrei que não há memória, é a água que lava e leva tudo.

Não precisa vir me salvar, não sei nadar. Não busco à costa cinza.

Mandarei outros sinais, assim que a água baixar.

Eliane Rubim

O peso da leveza, minguante de janeiro de 2009.

Cara terra:

Eu me misturo contigo. Eu, o esterco, a areia, a água, o calor, e as cores fortes. Roxo, laranja, azul. Nada de tons pastéis. Nada de tons amenos. Não há melancolias, há ou êxtase, ou raiva. Sem meios, e termos cinzas.















Dale! As extremidades!

Bom, me misturo contigo. Fico da tua cor, mas o extremo é pouco tempo. Urbana condicionada, volto à esse lar ameno de cores fortes. Onde há luz natural urbana, há tons pastéis. Se é para ser plástico, que isso rasgue e doa.

Aprendizado dos dias que andam ao meu lado: Perdi o tom de lama, pois danço conforme a dança. Em outras palavras: Não há meios na cidade, apenas fins. E esses fins são trágicos (e obviamente cômicos).

Nosso humor é negro, pois somos extremos. Ai ai, sem tédios, por favor, não cabe!

Fico alguns dias longe de ti, da tua mistura, e sabe o que me vem? Me vem o desejo de ser pedra, ver acontecer tudo dentro, esperando o próximo acidente, o próximo chute, o próximo lustre. Eu espero.

De quem corre atrás das chuvas, girando e girando.

Lilith