Cata-ventos Lunares: Ainda há espaço, crescente de abril de 2006.

Ainda há espaço, crescente de abril de 2006.

Caro Ausente Inimigo:


Tenho tido várias idéias. Elas se perdem. Retomo fantasmas antigos, que não me esquecem... Podia ser bem um fim, mas é sempre meio.

Assistia vozes que tocavam meu olho, nada mais, nenhum outro sentido. Assistia deus, ficou silêncio.

Eram bons começos, todos eles... resolvi investir no azul, que eixo nos dá a memória?

Nada que foi escrito se perdeu, ao contrário. Os processos do criar estão todos nesse vácuo dentro da memória. Tento me preocupar com os seus rumos, de promissores começos, mas acho que é mentira, isso não faz tanta diferença, foi bom pensá-los. Foi bom o corpo em ataque.

A palavra: superfície dérmica da idéia. E resolve escrever grandes tratados para mostrar a víscera da idéia... o profundo, a minúcia? Creio que não... a víscera se mostra simples, mas não facilmente. A idéia é vôo e canto e esferas e sombras e quente e agridoce... e são poucas as formações semânticas que conseguem reter, capturar um pouco de ossos além da pele da idéia. Pois tudo é toque, singelo toque, raspando as superfícies, fazendo o novo romper a falta de cor, a falta de sentido.

“Há intervalos, mas ficam entre os sonhos e deles não resta consciência alguma. O mundo ao meu redor está dissolvendo, deixando aqui e acolá manchas de tempo. O mundo é um câncer que está comendo a si próprio. Estou pensando que, quando o grande silêncio descer sobre tudo e todos, a música triunfará por fim. Quando tudo se retirar de novo para o útero do tempo, o caos será restabelecido, e o caos é a página sobre a qual a realidade está escrita.”*

A violência é singelo toque, raspa a pele, e suja tudo de pó e sangue, pr’alguém depois sentenciar que foi tudo um equívoco. A única mesura que sinto é a intensidade. Muita sutileza... os frutos caem em meio ao calor, em meio a clones que florescem, em meio a gomos estéreis.

Se não fossem os shoppings centers, nem a vida nem a morte teriam sentido, e aí se estaria livre dos conceitos, livre dos equívocos, e livre do temor.

da também sua

Eliane Rubim



*Henry Miller

Um comentário:

Anônimo disse...

Obrigado por Blog intiresny