Clara-crocodilo, crescente de abril de 2008.
Tanto quanto do que falta:
As noites se recriam... pode parecer algo re-dito, mas me parece incrível o quanto enclausuramento e mudança de móveis transformam o mundo. Talvez porque mudam-se as sombras, muda-se os olhos, e os hematomas, antes roxos, agora amarelos.
Bom, o que queria mesmo, era poder te contar o que me passou atravessado hoje. Augusto leu pra mim um romance-cuspe de um amigo, e advinhe... me apaixonei pelo escritor. Ai... dificil. O fato que quero boqueteá-lo, e sei-lá-mais-o-que. Ai... quereres.
Noites que passaram me contagiaram de ganas. Hoje os móveis dançaram em ciranda, faz muitos dias que não saio de dentro de casa. Que não saio mesmo, pois pisar na rua, me embriagar, foder com notas descompassadas... bobagem, isso não é sair de casa, não pelo menos da minha concha.
Sem poéticas. Tenho vinho, tenho suor. Dizia também que é dificil escrever quando feliz. Não dificil, mas não me soa com sangue. Me soa apenas torpor. Eu penso, não existo. Pode ser tudo pura bobagem, a verdade que poucos prazeres não sufocam meu tédio, mas me ocupam por enquanto.
E por enquanto é isso que tenho, sem reclamações. Esse conforto passivo por enquanto ainda não me desmascara.
Gostei do romance-cuspe, não pela história manjada de drogas redentoras de paixões modernetes e perturbadoras... oras, escritores já deviam ter se acostumado com isso. Não existem verdades quando se trata de amor. Gostei do intenso desconforto. Me identifico com isso.
Vamos brincar nas noites de lua.
Da sua
Eliane Rubim
Um comentário:
muito bom! senti até o calor que descrevete... quase desconfortável!
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